Organizada pelo inefável Henrique Galvão e custeada pelos produtores de vinho de má qualidade escoado nas colónias, realizou-se na cidade do Porto, entre Junho e Outubro de 1934. Passaram pelo recinto do Palácio de Cristal cerca de um milhão e meio de pessoas. O ministro das colónias, Armindo Monteiro, anunciara os objectivos principais da exposição: deveria promover a imagem de Portugal como potência colonizadora, no contexto internacional da época, bem como afirmar uma orientação e um programa de organização e fixação de colonos. A exposição transformou-se na «primeira lição de colonialismo dada ao povo português» (H. Galvão). Centenas de “indígenas” provenientes das várias colónias foram expostos aos visitantes, em simulacros de aldeias.
Segundo Oliveira Pinto (in História de Angola, pág 666), em cenários compostos por réplicas de quimbos, estiveram expostos o Soba Calungeia e sua filha Sagala, do Bié, e o Soba do Quipungo, Cangangue Muenegundo, sua filha Maria Nangombe (retratada pelo pintor E. Malta).
... continuemos a desbravar a história do interior de Angola.
1. Os primeiros três missionários - espiritanos franceses - chegaram a Angola em 14 de março de 1866. A imprensa e o parlamento portugueses logo levantaram grande "borborinho". Nas palavras de António Brásio (*) "Os primeiros cimentaram o edifício e regaram a sementeira com o sacrifício da própria vida, com o próprio sangue."
foto de https://espiritanos.pt/portugal/historia
2. O Padre espiritano Carlos Duparquet, que tinha sido nomeado pároco de Capangombe (Moçâmedes) em 1866, tendo rapidamente percebido no local a necessidade de missionários portugueses para a evangelização em Angola, fundou em 1867 um seminário em Santarém (na foto) destinado a formá-los. Os objetivos últimos dos missionários eram a pacificação, a civilização e a cristianização dos povos africanos. Entre os admitidos no então designado "Seminário do Congo", estava José Maria Antunes, natural daquela cidade portuguesa, que viria a ser o fundador das missões no sul de Angola.
3. O plano estratégico que o Padre Antunes gizou em dezembro de 1894, apresentava o objetivo da criação de uma rede de 20 missões, como forma de concretizar a ocupação de um vasto território abrangendo o leste de Angola. As missões distariam cerca de vinte léguas umas das outras. O financiamento da instalação dessa rede repartir-se-ia entre o Estado português e a Companhia de Moçâmedes. A expansão da rede far-se-ia pela irradiação a partir de quatro polos, a saber: Lândana, Malanje, Caconda e Huíla. Desta última, a Missão "veterana" (fundada em 1881), irradiaram as missões: do Jau, da Quiíta, do Munhino, do Chivinguiro, do Chiulo, dos Gambos, do Sêndi e de Sá da Bandeira (1935).
4. A implementação do projeto do Padre Antunes foi no entanto prejudicada por especiais dificuldades na dotação de recursos humanos, pois o "pessoal dirigente" (Pe. Keiling) optou por desviá-los para a ocupação do planalto central, visando "barrar a invasão protestante". O papel dos missionários católicos da Congregação do Espírito Santo em Agola foi reconhecido por vários estadistas, entre os quais destacamos Nórton de Matos, que escreveu: "Desde a primeira hora vi o quanto as missões religiosas eram não somente úteis, mas também indispensáveis (...)".
(*) in "História e Missiologia", Luanda, 1973
Este blogue foi denunciado no Facebook como tendo "conteúdo abusivo" (!), pelo que ficou impossibilitado de divulgar os posts nessa rede social...
Brásio, A. (Ed.). (1971). Panorama Missionnaire de l’Angola. In Angola: 1904-1967. Pittsburgh, PA: Duquesne University Press.
https://dsc.duq.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1246&context=angolavol5
"Estando concluida a igreja construida junto da missão de S. Bento do Chivinguiro, no Vicariato Geral da Chela, e destinada ao serviço religioso da mesma missão; e atendendo ao que me representou o muito reverendo Vigário Geral interino da Chela e Superior das Missões do Real Padroado no distrito da Huíla, o qual, desejando ver aberta ao culto a nova igreja, pediu a necessária autorização para a benção e informou que ela está concluida com os requesitos canonicamente exigidos:
Hei por bem, na conformidade das leis canónicas, conceder ao mesmo muito reverendo Vigário Geral interino, Benedicto Maria Bonnefoux, a licença solicitada para proceder à referida benção, segundo o que esta prescrito no Ritual de Paulo V.
Luanda e Paço Episcopal, 3 de Março de 1905.
C ó n e g o M a n u e l A l v e s d a C u n h a
Vigário Capitular"
Brásio, A. (Ed.). (1971). Bénédiction de l’Eglise du Chevinguiro. In Angola: 1904-1967. Pittsburgh, PA: Duquesne University Press
https://dsc.duq.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1016&context=angolavol5
No Lubango do Século XIX, várias "ações reivindicativas" ocorreram (*), motivadas por curiosas causas:
1. No final de 1886, um abaixo-assinado com 97 assinaturas, dirigido ao Bispo da Diocese, pedindo o destacamento para o Lubango de um padre de Quilengues, de seu nome Mariano Nicolau Tavares, natural do "Estado Português da Índia". Pretendiam os requerentes que assim se resolvesse o problema de não entenderem a linguagem dos reverendos da Missão Católica da Huíla, estrangeiros...
2. Em 1889, um novo requerimento de 155 colonos pedindo novo pároco, no entanto logo contestado por 248 assinaturas, em papel-selado. O contexto da época era marcado pelo anti-clericalismo, o que provocava a sucessiva substituição dos padres colocados no Lubango.
(*) citadas por A. Brásio, in "História e Missiologia", Luanda, 1973
"Identificamos um sistema de significado, dominante, no qual, durante décadas, a violência da Guerra Colonial foi ostensivamente apagada, silenciada e empurrada para o esquecimento.
Este sistema de significado é aquele que se concerta com as representações míticas sobre a identidade portuguesa, nomeadamente a ideia, ainda vigente, de Portugal como uma potência colonial não violenta ou como um país de brandos costumes."
"(...) centramo-nos no contexto português para analisar a persistência de uma construção colonial nos próprios mecanismos que fazem da violência colonial algo suficientemente longínquo ou insignificante para que se trivialize ou denegue."
Paradoxalmente (ou não), "O silenciamento da Guerra Colonial portuguesa (1961-1974) constitui um dos elementos mais estruturantes da reconstrução democrática e pós-imperial da sociedade portuguesa."
in "A violência colonial no Portugal democrático: memórias, corpos e silenciamentos", de Bruno Sena Martins - CesContexto Nº13 Abril de 2016 Debates / Centro de Estudos Sociais
"Como descreve Dalila Mateus, a Delegação de Angola da PIDE foi formalmente constituída em território angolano em 1954, mas a sua presença foi mais ou menos residual até 1957, altura em que se começou a efetuar transferência de pessoal do corpo da PSP (que até então era quem cumpria as funções de vigilância e controlo) e se cumpriam funções de polícia judiciária no aeroporto e porto de Luanda. A partir de 1961, com a eclosão do conflito armado no território, as medidas de controlo aumentaram com a multiplicação de delegações, subdelegações e postos em vários distritos do território, e com a criação dos Serviços de Centralização e Coordenação de Informações de Angola (SCCIA), que complementava a “pesquisa empírica” da PIDE com a centralização e processamento de informações, estudos, estatísticas e relatórios, encaminhados superiormente. Esta multiplicação institucional, respondendo à situação de conflito emergente, implicou um alargamento substancial da rede de produção de informações (nomeadamente através da rede de informadores) (...)"
Leia mais aqui: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/AS_206_a02.pdf
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