O nosso amigo Neco Mangericão partiu, no passado mês de novembro. Com tristeza, não mais podemos contar neste blogue com a sua colaboração. Natural de Moçâmedes, foi ilustrador de grande mestria e poeta. Todos que o conheceram lamentam a perda de um afetuoso companheiro. Como singela homenagem, publicamos um dos seus poemas:
Este blogue foi denunciado no Facebook como tendo "conteúdo abusivo" (!), pelo que ficou impossibilitado de divulgar os posts nessa rede social...
Houve um tempo em que não se podia falar de política. A velha Xica sabia e advertia. Assim, durante esse longo tempo, nos habituámos a ver tudo à nossa volta como "natural". Mesmo as realidades gritantes com que convivíamos eram aceites com resignação, pois era arriscado comentá-las, e até perigoso questionar os porquês. Nós, os nascidos em meados de 50, passámos a nossa adolescência enlevados pelas doces ilusões. Aquilo que fora o dia-a-dia dos nossos kotas não nos era contado, nem a maior parte de nós tinha interesse em saber. Isolávamos os "curiosos incómodos" e fomos ficando cada vez mais ignorantes da nossa própria história. Decerto nossos acomodados progenitores pensavam que como tudo começara a mudar, em 1961, o que tinha ficado para trás era para esquecer. Mas a alienação não durou muito, e depressa os sonhos utópicos desabaram sobre as nossas cabeças. Vivemos pesadelos, sem perceber porque aconteceram. A vida, com a sua dureza, deu-nos muitas lições. Hoje, somos nós os kotas. Mas temos de fazer diferente, contrariar as "velhas Xicas" de hoje. Por isso, para que as novas gerações não desconheçam as raízes históricas da sua terra, aqui vimos contribuindo com referências para o pensamento analítico. Que a nossa paixão também tenha racionalidade.
2020 fica marcado como tendo sido o início de algo que ainda se desenvolve. Sentimos como pode ser bem real uma ameaça invisível, como pode transtornar as nossas vidas. Nestes meses, pelo mundo foi provocando muitos prejuízos e consequências inesperadas. Nunca imaginamos algo assim, fora dos ecrans cinematográficos. Esta não é uma ficção, é algo que nos rouba a tranquilidade e a liberdade. Sobretudo põe em causa muitos dos nossos projetos que sonhámos concretizar a breve prazo. Não sabemos prever quando este pesadelo acabará. Uma ideia vai no entanto ganhando consciência pelo mundo fora: a confiança exige que se aja em conformidade com aquilo que fica demonstrado - a necessidade de bons serviços públicos de saúde, bem organizados, bem equipados e devidamente providos de recursos humanos. Isso impõe-se entre as prioridades de financiamento. Outra evidência é a eficácia obtida pela cooperação internacional, não apenas no âmbito da investigação científica que logrou obtermos uma vacina em tempo recorde, mas também na articulação organizativa transnacional para concretizar a sua disponibilização. Nestes tempos de angústia misturam-se pois contraditóriamente elementos de esperança.
Consulte a informação atualizada sobre a situação em Angola em https://governo.gov.ao/ao/noticias/.
Nas décadas de 60 e 70, em Portugal foi entre os estudantes do ensino superior que a luta anti-colonial e anti-imperialista assumiu um desenvolvimento significativo (1) . Graças ao movimento associativo, foi em ambiente universitário que a maior parte dos estudantes da então "Metrópole" tomou conhecimento das características do sistema colonial. Na sua atividade tão reprimida pelo regime fascista, as embrionárias associações de estudantes conseguiram, entre outras ações, promover exposições fotográficas com profusa informação sobre o que se passava nas colónias. Para muitos, era uma realidade chocante que ainda desconheciam. Tantos, como eu, que tinha entrado para a Faculdade de Medicina em 1972, ao perceberem as razões dos movimentos independentistas, ficaram desde então tocados para a ação militante, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Até aos dias de hoje mantenho no essencial essa linha ideológica, a que o tempo e a realidade da geopolítica global vieram enriquecer com novos desenvolvimentos.
(1) vide https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/321/1/21725_ulsd058076_td.pdf
A coesão social da nação angolana depende, entre outros fatores , do conhecimento das tradições e culturas dos seus diversos povos. A importância dos estudos etnológicos foi entre nós entendida como crucial desde o final do Século XIX. Entre as várias contribuições para esse estudo, a mais conhecida é a de Estermann (https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Estermann). Felizmente, no seu rico espólio histórico, Angola conta com outras importantes contribuições, como as de Valente (vide https://journals.openedition.org/mulemba/404) e Junod (vide http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/236/1/SILAS%20ANDRE%20FIOROTTI.pdf) - ainda que esta também abranja povos de outras zonas da África Austral.
A esse património cultural vimos salientar o acréscimo que Ruy Duarte de Carvalho, nosso contemporâneo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Duarte_de_Carvalho), na sua convivência com o povo cuvale, trouxe aos meios literários lusófonos.
O fascínio pelos povos do Sudoeste divulga-se já noutras paragens do mundo global - veja-se o caso do trabalho fotográfico realizado pelo brasileiro Sérgio Guerra, entre os Hereros (vide https://bimbe.blogs.sapo.pt/459334.html e http://sergioguerra.com/exposicoes.asp). Outrora via-se na etnografia um modo de registo de algo em extinção, mas hoje entendemos que as raízes culturais ainda estão vivas, não obstante todas as transformações sociológicas que sofrem os ancestrais modos de vida. Em Angola, mantem-se o interesse pelo seu estudo: veja-se https://journals.openedition.org/mulemba/1141.
Ao verem referências históricas que aqui vamos fazendo, na mente de alguns podem surgir dúvidas de um certo tipo. Importa pois esclarecer que este blogue não é um repositório de saudosismos, muito menos lugar para expressão de ressentimentos. O nosso posicionamento acerca da realidade e atualidade de Angola quer traduzir confiança. Quem disso duvide, basta clicar no marcador “o futuro é já hoje” para constatar quanto de positivo aqui desde sempre partilhamos. Por outro lado, a construção de um País nunca dispensa as memórias do passado. Sejam boas ou não. A lembrança de alegrias e tristezas, vividas por muitas gerações de angolanos, fazem parte do presente. A cultura de um povo parte essencialmente de experiências pessoais, mas também tem de integrar o conhecimento de factos históricos, muitos dos quais até os contemporâneos desconheciam. Temos aqui modestamente procurado contribuir para fazer alguma luz sobre temas que foram ficando na penumbra. Confiamos e de boa fé esperamos.
Há uma necessidade sentida como premente, quando ficamos a sós com o sentido das nossas vidas. É a necessidade de compreender o que moveu nossos avós, pelos tempos fora passados em terras difíceis, derramando suores e sangue. O que fizeram e como o fizeram deixou marcas na terra, e também esteios para seguirmos nossos caminhos. Por tais razões não estranhem, os nossos leitores visitantes, que por uma e outras vezes venhamos aqui falar do que nos ocorre quando olhamos para trás. Não porque pensemos desejável qualquer retrocesso, de todo impossível. Mas para perceber como definiremos novos sentidos a dar às antigas jornadas, de labuta estrénua, dos nossos antepassados. Ou não tívessemos todos nós a alma presa ao berço, de onde partimos em Humanidade, Culturas e Civilizações.
Nos últimos dias, por ocasião da visita que efectuou ao Lubango, ficámos a saber da intenção expressa pelo Presidente João Lourenço de apostar forte na Província da Huíla, como alternativa para fixação de angolanos, visando resolver o problema do incomportável excesso populacional de Luanda.
Para tanto, o Estado Angolano conta desde já com um significativo "arranque" de investimento público em infra-estruturas, decididamente em curso pela vontade do Governador dessa Província, Luís Nunes.
Tal "arranque" de desenvolvimento do Lubango desdobra-se por vários polos, dos quais destacamos apenas alguns:
1. melhoramento urbano - designadamente a reabilitação dos eixos viários e do saneamento básico;
2. realojamento de populações a viver em condições precárias - a centralidade de Quilemba começa a ser habitada;
3. criação de novas instalações de raiz, para os vários níveis de ensino;
4. criação de novas unidades de prestação de cuidados de saúde - por exemplo a tão desejada Hemodiálise.
Um dos grandes entraves existentes, que - como o Sr. Governador recentemente referiu de viva voz ao Presidente J. Lourenço - urge ser resolvido é o problema do fornecimento de energia elétrica. As centrais térmicas em funcionamento não chegam para as crescentes necessidades.
Em resposta ao Sr. Luis Nunes, ouvimos a promessa do Sr. Presidente de implementar o projeto de ligação entre as barragens do Gove (Provícia do Huambo) e da Matala, que distam cerca de 300 Km.
Com estes factos, vontades e projetos, podemos ter fortes indícios que alimentem a nossa esperança de um futuro melhor.
Não sei quem é o autor da foto. Mas sei que significado profundamente simbólico essa imagem trouxe aos descendentes dos fundadores do Lubango na diáspora.
Criado há quase treze anos, este blogue acaba de atingir os dois milhares de posts.
A sua história desenrolou-se um tanto ou quanto irregularmente, com hiatos que permitem distinguir três fases: 1ª) de 2006 a 2009; 2ª) de 2012 a 2014; 3ª) desde 2017.
No decurso desses períodos, a edição do blogue foi-se adaptando às evoluções das tecnologias de informação. Alguns suportes tornaram-se obsoletos, como algumas plataformas para fotos, razão pela qual há antigos posts que se “esvaziaram”. Nos dias de hoje, podemos dizer que a edição e a divulgação é mais ágil, nomeadamente graças às redes sociais. Essas comunidades virtuais não substituem a função dos blogues - antes se complementam, observando-se por vezes verdadeiras parcerias (por exemplo, citamos a bela página do Facebook “Angola Ambiente”, onde temos colhido grande número de esplêndidas fotos, a cujos autores expressamos a devida vénia).
Em termos de motivação, digamos que ultrapassámos o limiar temporal amadorístico, sem que tenhamos adquirido ainda o know-how próprio dos patamares profissionais. Procuramos fazer um trabalho divulgador de temas pouco conhecidos, multifacetado, que possa servir ao desenvolvimento de um novo e grande País.
Assim vamos mantendo este apaixonante hobby, sem preocupações de avaliar estatisticamente o seu impacto. Basta-nos saber que somos visitados - em média 22 visitantes por dia no último ano, de ambas as margens do Atlântico - por interessados ou apaixonados por Angola, como nós. Nessa utilidade, ainda que modesta, consiste o nosso humilde contributo.
Aqui, neste espaço etéreo, sem qualquer suporte publicitário, investimos o ouro do nosso tempo pessoal, cujo produto concretiza a inversão, por artes de misteriosa alquimia, em satisfação da mente, em alimento do coração.
A nossa própria esperança se renova de cada vez que na comunidade universal surgem pessoas que nos tocam com as suas palavras, que nos levam a acreditar nas suas convicções. A credibilidade que lhes concedemos - ainda que temporária - alimenta a nossa fé, fugazmente. Tão pouco basta para nos movermos. Uma pequena ilusão basta para sermos generosos. Um gesto ou uma palavra nossa, num desses momentos, melhora o mundo, milimetricamente. Todavia, o calor que gera nos corações amplifica as esperanças e os sonhos de muitos que conseguimos alcançar.
Mais do que confraternizar no Clube Naval de Luanda, a maior felicidade do meu amigo Jajão era poder sentar-se ao lado dos sekulos mucubais, partilhando sabedorias cristalizadas no tempo... Amava o seu deserto do Namibe, que atravessou vezes sem conta, trilhando as picadas mais áridas do seu adorado Iona, peregrinando os derradeiros caminhos em que um seu malogrado filho seguia...
Publico aqui, em sua homenagem, o meu poema "África":
(in http://angolafieldgroup.com/palanca-negra)
Natural de Moçâmedes, a missão que toda a vida voluntariosamente assumiu com a sua amada Angola consistia em contribuir com o seu vastíssimo conhecimento técnico para que não faltasse água a nenhum angolano.
Falecido aos 75 anos, a quem caberá dar continuidade à nobre missão que MJ Pimentel Teixeira desempenhava?
Como paulatinamente se veio a definir no decurso de doze anos desde que foi criado, a opção deste blogue é pela seleção e destaque das coisas positivas que acontecem no exaltante país que é Angola. Uma apaixonante e esplendorosa terra, um magnífico povo, tudo tem para um futuro brilhante. Construí-lo-ão todos os que têm Angola no coração, que nela (ou mesmo na diáspora...) trabalham, criando suas famílias com amor.
1. Procedeu-se a uma profunda revisão da lista de 'links'. Foram eliminadas todas as ligações que não funcionam, assim como as que ligam a blogues inactivos há mais de dez anos. Note-se que alguns domínios que albergavam 'sites' antigamente referidos neste blogue atualmente apresentam-se em chinês (!), pelo que também foram excluídos. Contamos convosco para sugestões de novas ligações.
2. Angola Profunda continuará um blogue de cultura, informação e opinião. Aqui os comentários são espaços de livre e responsável expressão do pensamento. Participem!
Sinais de novos tempos, novas vontades, sempre motivam o renovar da esperança.
Por isso, justifica-se e impõe-se que também este blogue se renove.
Começamos hoje esse trabalho, na senda da utilidade pública que sempre nos norteou.
CULTURA
Atlas dos Anfíbios e Répteis de Angola (inglês)
Jornal Angolano de Artes e Letras
Portal do Uíge e da Cultura Kongo
Revista Angolana de Ciências Sociais
Revista Angolana de Sociologia
União dos Escritores Angolanos
DESPORTO
Federação Angolana de Atletismo
ENSINO SUPERIOR
Faculdade de Medicina (Lubango)
Instituto Superior Politécnico Tundavala
EVOCATIVAS
Instituto Comercial (Sá-da-Bandeira)
FOTOGRAFIA
Fotos de Angola no Skyscrapercity
Galeria de Diamantino Pereira Monteiro
Galeria de Tiago Campos de Carvalho
Sérgio Guerra- Banco de Imagens
GERAIS
HISTÓRIA
Angola Do Outro Lado Do Tempo...
Angola na Biblioteca Digital Mundial
Grupos Étnicos na Década de 30
INFORMAÇÃO
INSTITUIÇÕES
Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente
Associação dos Empreendedores de Angola
Câmara de Comércio Angola-Brasil
Câmara de Comércio e Indústria
Delegação da União Europeia em Angola (Facebook)
JORNALISMO
MISCELÂNEA
SAÚDE
Biblioteca Virtual em Saúde - Angola
TURISMO