(Tonspi)
"O nascimento da humanidade em jardins verdejantes com árvores de fruto faz parte da mitologia de muitas religiões. Também inspirou grandes pintores, como o renascentista Hieronymus Bosch, autor de Jardim do Éden. A maior pesquisa já feita sobre a diversidade genética da África, berço da espécie humana há 200 mil anos, muda esse cenário para um amontoado de areia, pedras e arbustos.
O estudo, realizado pela Universidade da Pensilvânia, concluiu que o homem moderno surgiu numa região que hoje se situa na fronteira entre Angola e a Namíbia. Nessa área vivem 100 mil indivíduos do povo san, onde os caçadores e os colectores predominam. Nenhum povo africano tem uma variedade genética tão grande quanto os sans, o que levou os pesquisadores a concluir que os seus antepassados deram origem à humanidade. Sabe-se que, quanto mais distantes de África, menor a diferenciação de genes das populações que hoje habitam os quatro cantos do mundo. A explicação é simples.
A população original teve mais tempo para acumular variações no seu genoma. Chama-se a isso “efeito fundador”. As populações mais distantes de África são descendentes de grupos migratórios pequenos e relativamente recentes, o que se traduz num conjunto genético mais homógeneo.
A pesquisa conclui que os antepassados dos sans se espalharam pela África. Também calcula o ponto exacto em que um grupo deles — talvez um bando tribal com não mais que 150 indivíduos — teria deixado a África, há 50 mil anos, cruzando o Mar Vermelho em direcção à Ásia — e daí para o resto do mundo.
A descoberta reforça a tese de que a humanidade descende de um pequeno grupo de “Evas” e “Adãos”. A conclusão é reforçada pelo facto de certas características da língua falada pelos sans estarem presentes noutras tribos do leste da África. Isto significa que o idioma dos sans pode guardar a chave para se explicar a origem da própria linguagem humana. Os investigadores da universidade da Pensilvânia, encabeçados pela antropóloga e especialista em genética, Sarah Tishkoff , estiveram dez anos a recolher material genético de 3194 indivíduos de 113 populações da África.
Descobriram que todos os africanos são descendentes de 14 grandes tipos de populações. Para chegar a esse resultado, eles compararam os padrões genéticos com a etnia, a cultura e a língua dos povos pesquisados. E encontraram fortes relações entre os traços genéticos e a cultura dos povos.
O estudo foi festejado como uma peça-chave para a compreensão da origem da humanidade, das migrações que povoaram o planeta e das adaptações do homem ao meio. Também abre caminho para as tentativas de se encontrarem novos tratamentos para a sida, a malária e a tuberculose.
O motivo é que as pessoas oriundas de grupos tribais diferentes respondem de forma diferente aos medicamentos. Sarah Tishkoff acredita que os resultados da sua pesquisa serão importantes para desenhar o mapa das doenças genéticas típicas dos africanos."
(por Leandro Beguoci, in O País)
(Tonspi)
Após uma breve ausência, estamos de volta!
Os amigos manifestaram o desejo de continuar a ver novos posts no Bimbe. É sobretudo pela sua amável insistência que vamos procurar vencer as dificuldades, designadamente as que se prendem com a disponibilidade pessoal, para que esta aventura continue. Mais do que pela estatística, que confirma o sucesso deste blogue - visto em mais de cem países, mantendo mais de cem visitas por dia - o que nos motiva e obriga a continuarmos é o calor humano dos amigos.
Manifesto agradecimento aos autores das fotos que aqui temos publicado, que muito têm contribuido para o deleite dos nossos visitantes. Entre eles, é justo destacar o Tonspi, pela excelência a que nos tem habituado.
Os meninos da nossa terra, as suas mamãs, os nossos jovens e cotas, os angolanos dispersos por todo o mundo, todos merecem o nosso empenho.
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