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Terça-feira, 23 de Setembro de 2008
Baía dos Tigres

Novo Porto pesqueiro nasce na Baía dos Tigres


A Baía dos Tigres, uma das regiões mais ricas em pescado da costa angolana,vai albergar, em breve, o maior porto pesqueiro do país, anunciou, recentemente, no Namibe, o ministro das Pescas, Salomão Xirimbimbi.
O programa de Desenvolvimento da Baía dos Tigres,uma localidade situada 100 milhas a sul da cidade do Namibe, começa a ganhar corpo a partir de 2009, segundo o governante angolano.
Salomão Xirimbimbi fez tal pronunciamento quando se deslocou ao Namibe, onde procedeu à entrega de 50 novas embarcações a 32 associações de pesca artesanal, no âmbito do Programa de Combate à Fome e Desemprego, promovido pelo Governo.
De acordo com o governante, que é economista de formação, trata-se de um programa “muito ambicioso e importantíssimo” que vai gerar muitos postos de trabalho e, também, receitas para os cofres do Estado.
Salomão Xirimbimbi apontou, entre outros objectivos, a importância da cultura do mexilhão, estimando-se que a produção venha a ser de um milhão de toneladas/ano, daí a necessidade de se construir um porto pesqueiro de referência que possa estar à altura de movimentar esse volume de produção.
O titular da pasta das Pescas acentuou que os estudos e projectos de iniciativa privada, com o apoio do Governo, que ali criou algumas infra-estruturas vitais, já tiveram o seu início.
Salomão Xirimbimbi chegou a anunciar a chegada, brevemente, ao Namibe, de duas empresas estrangeiras, cujas origens não mencionou, sendo que uma vai tratar da energia eólica, enquanto outra ocupar-se-á do plano-director indispensável ao desenvolvimento da região.

A vida na Ilha dos Tigres

Em 1975, com a independência de Angola, alguns empresários portugueses que habitavam a Baía zarparam para Portugal, enquanto outros escolheram como destino outros pontos do país à espera do evoluir da situação resultante da turbulência política vivida na época.
Para trás ficavam equipamentos fabris e pontes para descarga do pescado que depois passaram a ser utilizadas, durante os últimos anos, por armadores nacionais e estrangeiros, detentores de navios-fábrica e arrastões, que pescavam fora do controlo do Estado.
Devido ao conflito armado, de cerca de três décadas, a ilha ficou entregue à sua sorte, ou seja, esteve pura e simplesmente abandonada.
Hoje, a actividade na Baía dos Tigres só se resume à pesca. Na falta de uma eficiente fiscalização das nossas águas territoriais, destinada ao combate às capturas ilegais, barcos piratas de diversas partes do mundo haviam transformado a Baía dos Tigres num autêntico “El Dorado”.
Por força da intervenção, nos últimos tempos, da Fiscalização do Ministério das Pescas e da Marinha de Guerra Angolana, a actividade desses barcos piratas de grande porte, dotados de sistema de captura, transformação e processamento do pescado, diminuiu.
A acção criminosa protagonizada por embarcações piratas, na sua maioria estrangeira, tem deixado marcas profundas nos dias que correm.
Como se disse, a Baía dos Tigres foi completamente abandonada há mais de vinte anos.Era, por exemplo,local que albergava muitos ex-reclusos, depois de estes cumprirem penas de prisão no antigo centro prisional de São Nicolau, actualmente conhecido por Penitenciária do Bentiaba.
Mas, ainda assim, houve quem optasse por ficar, mesmo sabendo de todo o mar de dificuldades agravadas com a ruptura da tubagem submersa que então ligava a ilha ao continente, transportando água desde a foz do Rio Cunene. O precioso líquido ficava acondicionado em dois depósitos subterrâneos.
Quando a reserva de água acabou, a Baía ficou completamente despovoada, porque “agua é vida”, sublinha Joaquim Aguiar, 57 anos de idade e antigo habitante da Baía dos Tigres.
Joaquim Aguiar permaneceu dez anos na Baía dos Tigres, para onde foi depois de ter cumprido uma pena de prisão no antigo centro prisional de São Nicolau.
Dados de 1973 apontavam para a existência, na Baía dos Tigres, de 400 casas habitadas por 1.068 pessoas, que se dedicavam à pesca.
É com base nessa realidade que, a partir de 1999, o Governo da Província do Namibe iniciou um estudo minucioso da Baía dos Tigres, com vista a sua recuperação, no quadro do seu programa de desenvolvimento sócio-económico, já em execução.
Os dados numéricos que serviram de suporte a esta reportagem foram divulgados pelo governo da província.
No sector das pescas, principal actividade económica da Baía dos Tigres, para além do turismo, é necessária a recuperação e reabilitação de todo o parque industrial, constituída por 14 fábricas de processamento de pescado, das quais sete de farinha e óleo de peixe.

Fiscalização no alto mar

O titular da pasta das Pescas, quando se deslocou ao Namibe, anunciou a aquisição, para breve, de dez embarcações para a fiscalização no alto mar.
Ainda no âmbito das acções do Ministério das Pescas para os próximos tempos, foi, igualmente, anunciada a execução de um programa que visa a aquisição de mais embarcações, em número de 21, para a pesca semi-industrial, como para a industrial, prevendo-se que sejam adquiridas 12.
As doze embarcações serão destinadas às empresas ligadas à captura e transformação de pescado, com maior incidência do município do Tômbwa, o maior centro pesqueiro de Angola.
De acordo com o titular da pasta das Pescas, com a chegada destes meios estará comprovada que o seu ministério não pactua com quaisquer irregularidades ou arbitrariedades de alguns pescadores ou armadores e que o seu pelouro não protege ninguém.
“ Não seremos nós a exercer essa fiscalização, pois vamos entregar cinco barcos, que deverão chegar já, à Polícia Fiscal a fim de se fazer o controlo dos rios Zaire, Kwanza, e Cunene. Depois chegarão mais outras dez grandes embarcações que ficarão meses e meses no mar”.

Historial da Baía dos Tigres

A Baía dos Tigres, que, nos mapas ingleses, figura sob a denominação de “Great Fish Bay” (Grande Baía dos Peixes), era reentrância costeira de consideráveis dimensões.
Tida como a maior de todas as baías da costa namibense, era constituída por um enorme “saco”, com a entrada voltada para o Norte, separada do mar por uma península arenosa de 26 quilómetros de comprimento. Está situada, aproximadamente, a 100 milhas a sul do Namibe.
Reza a história que foi descoberta, tal como o Tômbwa, por Diogo Cão, em 1485, na sua terceira viagem ao longo da costa africana, por determinação do Rei D. Joao II.
O nome Baía dos Tigres, segundo crença popular, deriva do hipotético facto de o vento, proveniente a sul da Baía, causar um enorme ruído. Daí que deste facto, mal interpretado, veio a crença da existência de tigres na Baía.
Já o livro de Pereira do Nascimento, intitulado “ Exploração Geográfica e Mineralógica no Distrito de Moçamedes”, em 1894/1895, associa o nome à abundância, tanto de peixe e de focas, tidas como “Tigres da Baía”.

(BAPTISTA MARTA in JA)



publicado por zé kahango às 00:23
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8 comentários:
De Anónimo a 4 de Novembro de 2011 às 01:26
O NOME DE BAÍA DOS TIGRES DEVE-SE AO FACTO DE, POR EFEITO DOS VENTOS FORMAREM-SE NAS DUNAS JUNTO À PRAIA LISTAS A TODA A ALTURA DAS MESMAS C/ ALTO E BAIXO RELEVO, UMAS COM A COR CASTANHA DA AREIA OUTRAS MAIS ESCURAS, O QUE VISTO DO MAR LEMBRAVA A PELE DE UM TIGRE . A BAIA DOS TIGRES TINHA NOS ANOS 60, ADMINISTRAÇÃO E JUNTA DE FREGUESIA, POSTO DA GUARDA FISCAL, CORREIOS, HOSPITAL, DELEGAÇÃO MARÍTIMA ESCOLA PRIMÁRIA, IGREJA DE S. MARTINHO DOS TIGRES, UM CLUBE DESPORTIVO E RECREATIVO, UMA CARREIRA AÉREA BISEMANAL . INICIALMENTE A VILA ERA ABASTECIDA DE ÁGUA POR NAVIOS DA COMPANHIA PORTUGUESA "SOCIEDADE GERAL" POSTERIORMENTE COM A CONCLUSÃO DAS OBRAS DE CAPTAÇÃO NA FOZ DO RIO CUNENE , ACABOU O RACIONAMENTO DA ÁGUA. FOI UMA FESTA A SUA INAUGURAÇÃO. INÚMEROS HABITANTES DEDICARAM-SE LOGO AO CULTIVO DE PEQUENAS HORTAS, PLANTIO DE ÁRVORES CASUARINAS . TUDO MORREU, TUDO FOI ABANDONADO COM TODAS AS INCERTEZAS ANTES E PÓS INDEPENDÊNCIA DO PAÍS. FOI PENA POIS MUITA GENTE, AINDA HOJE TEM SAUDADES DAQUELA TERRA INHÓSPITA , DIFÍCIL, QUE FOI HABITADA POR HOMENS E MULHERES DE CORAGEM QUE ALI INVESTIU TODA UMA VIDA DE TRABALHO E ONDE FICARAM SEPULTADOS OS SEUS ANTEPASSADOS.


De carlos a 12 de Fevereiro de 2012 às 17:27
Boa tarde gostaria de encontrar pessoas que estive-sem naquela ilha nos anos 70 eu estive la com meu pai ele andava num barco que se chamava estrela dalva com meu tio chico meu pai era simao ele gostava de encontrar alguem daquele tempo se alguem quizer entre contacto meu email carlosrelva@iol.pt.


De João David a 5 de Setembro de 2015 às 17:27
De facto vive na Baía dos Tigres nas décadas 1960 e 1970 em companhia dos meus pais. Ele esteve ligado as pescarias Armindo Bento (barcos Rosa Maria e Noémia) do sr Barbosa (barco Maria Joseth) e a do sr Isaías (Vamar). Se não estou errado meu pai terá cruzado com o sr Carlos na primeira pescaria em que este último foi motorista da traineira Rosa Maria. Sr Carlos era alto e calvo e me recordo da Ana Gabriela que era uma das filhas. Estarei enganado? Meu pai chama-se David, era desterrado naquela terra e como ele havia outros. Confirme junto dele esses dados.
João David


De J.M. Machado Jorge a 4 de Fevereiro de 2013 às 15:00
Vivi na Baía dos Tigres em criança de 1053 a 1957. Nesse tempo dizia-se que o nome de Baia dos Tigres derivava da semelhança dos riscos existentes nas dunas da contra costa, que se assemelhava aos riscos escuros da pele do Tigre.


De Luis Nobrega a 6 de Junho de 2018 às 02:00
Saudações para todos/as. Cumprimentos.https://www.facebook.com/ILHA-DOS-TIGRES-Ba%C3%ADa-dos-Tigres-a-Patrim%C3%B3nio-Mundial-da-Humanidade-1785026424925535/?modal=admin_todo_tour


De zé kahango a 30 de Setembro de 2018 às 17:42
Vejam-se aqui esplêndidas fotos de São Martinho dos Tigres, incluindo os interiores da igreja e da fábrica:
https://www.podniesinski.pl/portal/end-world/


De A Serra a 31 de Dezembro de 2020 às 09:49
Também vivi na Baia dos Tigres até meados de 1974.


De zé kahango a 31 de Dezembro de 2020 às 10:17
É um local fantástico! Obrigado pela sua visita. Volte sempre...


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